Introdução
Hoje em dia, qualquer puto tem um PC com o mais recente hardware do mercado, ligação à Internet de banda larga, um bom monitor e jogos quase reais ou, se quiserem, quase irreais. Mas a vida também é um jogo, e será talvez interessante conhecer os sonhos duma pessoa com necessidades especiais, que fez da informática a sua paixão, e regressar a um passado em que não haviam computadores aos pontapés. Escrever sobre os Spectrum, o Macintosh Classic, o 386 e o 486, e por aí adiante até aos dias de hoje, é um prazer para alguém que teve a sorte de acompanhar o desenvolvimento tecnológico do mundo dos computadores até aos tempos que correm.
A Era das Máquinas de Escrever
Estávamos nos anos 80. Andar na escola primária era motivo de orgulho para alguém diferente dos outros meninos! Não pegava no lápis nem na borracha, não tinha cadernos sarrabiscados, nem podia fazer bonequinhos nas mesas, contudo, tinha algo valioso, um objecto que todos os coleguinhas gostavam de tocar: uma máquina de escrever! Era daquelas mesmo grandes, pesadas, na qual, para um miúdo de 7 anos carregar numa tecla era preciso ter músculos J, mas adorava a máquina! Com ela, fazia quase tudo: cópias, ditados, contas e até desenhos com somente a tecla “X” e a fita de 2 cores: preto e vermelho. O bater de cada tecla entoava em toda a sala, e quando mudava de linha, o “plim” era irritante! Quando a fita passava toda da direita para a esquerda, abria-se a tampa de protecção (terá um nome técnico?) e passava-se manualmente a fita da esquerda para a direita, pois claro! Era tudo muito rudimentar, ah, mas já era eléctrica e tinha botão on/off, ah pois é! Adorava aquela monstrinha J! Depois tive uma outra mais compacta, mais silenciosa, mais bonitinha, já tinha corrector, mas, na prática, não veio implementar grandes mudanças no meu quotidiano.
Com a ida para o ciclo preparatório, chegou uma Brother EP150, uma máquina tecnicamente mais evoluída, muito leve, atraente, fina, aproximando-se do design dos actuais computadores portáteis. Já tinha calculadora e muitas outras funções que marcaram a diferença, podia alimentá-la por transformador ou pilhas, mas tinha uma desvantagem: usava fita de cassete, e esta acabava rapidamente. Como eram caras as cassetes, acabei por usar poucas vezes a máquina. As velhinhas de teclado “AZERT” compensavam mais! Já na secundária trabalhei com uma AX110 que, em meu entender, não era nada superior à EP150! Utilizei-a na sala de aulas até ao 9º ano.
Resta dizer que em todas as máquinas referidas acima, era usada como ajuda técnica uma grelha de teclado! Mas o que é isso afinal? Consiste numa placa de acrílico aplicada sobre o teclado, que contém um buraco (furo) para cada tecla, ou seja, se o teclado tiver 50 teclas, o engenho terá 50 buracos. Este objecto é usufruído por pessoas portadoras de certas e determinadas deficiências para que o dedo, dedeira, caneta ou ponta do capacete, prima exactamente a tecla desejada, evitando assim carregar na tecla errada ou em duas ou mais teclas
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