segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O aroma dela

O aroma dela, de jasmim e alperce, foi-se sem se despedir.
Em toda a parte, à deriva na brisa duma dourada tarde
Enchendo as minhas narinas e fazendo minha garganta engolir
O gelo da minha bebida dissolvente duma melodia que me invade.
Acenou-me, no cais gaiense, estando sentada na proa dum rabelo.
Ela desviou a cabeça de mim quando me aproximei de tamanha beldade.
Inclinei-me, e beijei-lhe a nuca coberta com um doce cabelo,
O mesmo que afastei e beijei uma face próxima da divindade.
Ela conheceu o meu olhar e sorriu timidamente, em seguida, olhou para baixo.
Ao seu colo, então meus olhos se dirigiram, no qual contemplei
O fino tecido do vestido de seda e do decote que olhei e entrei
Na redondeza do seu interior. Assisti com fulguroso instinto de macho
Quão seus mamilos despertaram em mim tão suave sofrimento,
E escasseou-me o ar e o conhecimento do meu olhar, mas não importa,
Não senti nenhuma vergonha na contemplação de sua tão íntima porta.
Ela olhou-me com olhos penetrantes, sedutores, hipnotizantes de sufoco.
Os olhos dela disseram-me que os segundos poderiam esperar um pouco,
E peguei-lhe na mão, vi-a sorrir naquele instante momento.
Mais uma vez, inconscientemente, o meu inimigo foi o tempo...

Manuel Francisco, 2010

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